Maria
da Penha Maia Fernandes, biofarmacêutica cearense, hoje com 61 anos,
fez da sua tragédia pessoal uma bandeira de luta pelos direitos da
mulher e batalhou durante 20 anos para que fosse feita justiça. O seu
agressor, o professor universitário de economia Marco Antonio Herredia
Viveros, era também o seu marido e pai de suas três filhas. Na época ela
tinha 38 anos e suas filhas idades
entre 6 e 2 anos. Na primeira tentativa de assassinato, em 1983, seu
marido atirou em suas costas enquanto ainda dormia, alegando que tinha
sido um assalto. Depois do disparo, foi encontrado na cozinha, gritando
por socorro, dizendo que os ladrões haviam escapado pela janela. Maria
da Penha foi hospitalizada e ficou internada durante quatro meses. Na
segunda tentativa de homicídio o marido a empurrou da cadeira de rodas e
tentou eletrocutá-la embaixo do chuveiro. Ele foi a júri duas vezes, a
primeira, em 1991, quando os advogados do réu anularam o julgamento. Já
na segunda, em 1996, o réu foi condenado a dez anos e seis meses, mas
recorreu. Em parceria com o CEJIL e o CLADEM, Comitê Latino Americano e
do Caribe para a defesa dos direitos da mulher, denunciou o Brasil na
Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados
Americanos pela negligência do Estado Brasileiro tratar os casos de
violência doméstica no Brasil. Após as tentativas de homicídio, Maria da
Penha começou a atuar em movimentos sociais contra violência e
impunidade e hoje é coordenadora de Estudos, Pesquisas e Publicações da
Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência no Ceará.
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