Os
estudantes de História lembram do Egito dos tempos dos faraós e das
famosas pirâmides. Poucas vezes, em sala de aula, temos a oportunidade
de discutir o Egito moderno, principalmente a partir do século XIX. Do
ponto de vista cultural e civilizatório, o Egito dos tempos atuais não
guarda mais semelhanças com o antigo. Atualmente é um país de língua
árabe, religião muçulmana e embora localizado no
Nordeste da África, situa-se em termos geopolíticos no contexto do
Oriente Médio e de seus graves problemas. Pode-se dizer que a inserção
do Egito nesse novo plano teve início em 1869 com a abertura do canal de
Suez (no istmo do Sinai, à leste do território egípcio), de importância
vital para a economia dos países ocidentais que estavam se
industrializando. Estes passaram a ter acesso mais rápido ao Oceano
Índico e ao Oriente com os seus importantes mercados para os produtos
europeus. Eram os tempos da expansão imperialista das potências
ocidentais, liderados por Inglaterra e França. Em 1882, a Inglaterra
iniciou uma ocupação militar (principalmente na zona do canal de Suez
que os ingleses passaram a controlar) que perdurou por mais de meio
século, embora em termos formais o Egito tivesse um governo próprio. Os
egípcios eram discriminados e tratados como cidadãos de segunda classe
em seu próprio território.
Uma característica permaneceu dos tempos do Egito dos faraós, a economia agrícola no vale fértil do rio Nilo, sustentada por um campesinato extremamente pobre e em bases semi-feudais.
Em 22.07.1952, um golpe militar, articulado pelo grupo dos "Oficiais Livres", derrubou a monarquia corrupta do rei Faruk e implantou um governo nacionalista, liderado inicialmente pelo general Mohammed Naguib e pelo coronel Gamal Abdel Nasser. Este último não pretendia apenas a derrubada do governo impopular que estava no poder, mas também um programa de reformas sociais, como o da redistribuição das terras aos felás (camponeses) e a modernização econômica do país. Inicialmente, Naguib tornou-se primeiro-ministro, mas as divergências com Nasser acabaram levando ao seu afastamento do cargo em 1954 e depois à sua prisão. Nasser assumiu o comando do Estado, implantou a reforma agrária, construiu a famosa represa de Assuã no rio Nilo para ampliar as terras irrigadas e iniciou uma tentativa de união dos países árabes: o pan-arabismo. Sob sua liderança, o Egito foi um dos participantes da Conferência de Bandung (1955) que deu origem ao bloco dos não-alinhados nos tempos da Guerra Fria (conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética).
Contudo, a grande realização de Nasser e que o tornou o grande líder do mundo árabe foi a nacionalização do canal de Suez em 1956, enfrentando as velhas potências imperialistas, Inglaterra e França, que pressionadas pelas novas, E.U.A. e União Soviética, tiveram de recuar diante das pretensões de Nasser.
Por outro lado, Israel via no pan-arabismo uma ameaça à sobrevivência do novo Estado judeu em função dos litígios deste com o povo palestino (de origem árabe) e a crescente influência de Nasser na região. Por sua vez, os palestinos, sob domínio de Israel, viam no Egito e na Síria um apoio à sua luta de libertação e de criação de um Estado nacional (problema que perdura até hoje). A Guerra dos Seis Dias em 1967 representou uma grande derrota para Nasser diante de Israel, mais bem armado e equipado e com um território ainda maior (Israel ocupou nessa mesma guerra a península do Sinai, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e as colinas de Golã da Síria).
Na foto acima, publicada no jornal "Última Hora" de 06.09.1954, vemos o general Naguib (à esquerda) e o coronel Nasser (à direita) com o beijo de uma aliança política que já estava no fim. Nesse mesmo ano, Naguib foi afastado.
Nasser morreu em 1970. O seu período marcou o início da presença dos militares no governo egípcio por meio de seus sucessores e que perdura até os dias de hoje, apesar da queda de Osni Mubarak, último herdeiro do nasserismo, no início da "primavera árabe" em 2011.
Uma característica permaneceu dos tempos do Egito dos faraós, a economia agrícola no vale fértil do rio Nilo, sustentada por um campesinato extremamente pobre e em bases semi-feudais.
Em 22.07.1952, um golpe militar, articulado pelo grupo dos "Oficiais Livres", derrubou a monarquia corrupta do rei Faruk e implantou um governo nacionalista, liderado inicialmente pelo general Mohammed Naguib e pelo coronel Gamal Abdel Nasser. Este último não pretendia apenas a derrubada do governo impopular que estava no poder, mas também um programa de reformas sociais, como o da redistribuição das terras aos felás (camponeses) e a modernização econômica do país. Inicialmente, Naguib tornou-se primeiro-ministro, mas as divergências com Nasser acabaram levando ao seu afastamento do cargo em 1954 e depois à sua prisão. Nasser assumiu o comando do Estado, implantou a reforma agrária, construiu a famosa represa de Assuã no rio Nilo para ampliar as terras irrigadas e iniciou uma tentativa de união dos países árabes: o pan-arabismo. Sob sua liderança, o Egito foi um dos participantes da Conferência de Bandung (1955) que deu origem ao bloco dos não-alinhados nos tempos da Guerra Fria (conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética).
Contudo, a grande realização de Nasser e que o tornou o grande líder do mundo árabe foi a nacionalização do canal de Suez em 1956, enfrentando as velhas potências imperialistas, Inglaterra e França, que pressionadas pelas novas, E.U.A. e União Soviética, tiveram de recuar diante das pretensões de Nasser.
Por outro lado, Israel via no pan-arabismo uma ameaça à sobrevivência do novo Estado judeu em função dos litígios deste com o povo palestino (de origem árabe) e a crescente influência de Nasser na região. Por sua vez, os palestinos, sob domínio de Israel, viam no Egito e na Síria um apoio à sua luta de libertação e de criação de um Estado nacional (problema que perdura até hoje). A Guerra dos Seis Dias em 1967 representou uma grande derrota para Nasser diante de Israel, mais bem armado e equipado e com um território ainda maior (Israel ocupou nessa mesma guerra a península do Sinai, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e as colinas de Golã da Síria).
Na foto acima, publicada no jornal "Última Hora" de 06.09.1954, vemos o general Naguib (à esquerda) e o coronel Nasser (à direita) com o beijo de uma aliança política que já estava no fim. Nesse mesmo ano, Naguib foi afastado.
Nasser morreu em 1970. O seu período marcou o início da presença dos militares no governo egípcio por meio de seus sucessores e que perdura até os dias de hoje, apesar da queda de Osni Mubarak, último herdeiro do nasserismo, no início da "primavera árabe" em 2011.
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