sábado, 26 de janeiro de 2013

COPA DE 50



SITUAÇÃO DOS ESTÁDIOS UM ANO E MEIO ANTES DA COPA DE 50

Maracanã - Rio de Janeiro-RJ - Inaugurado apenas em 16 de junho de 1950 (Seleção Carioca 1x3 Seleção Paulista). Abrigou oito jogos da Copa, entre eles, a grande decisão


Pacaembu - São Paulo-SP - Inaugurado em 17 de fevereiro de 1940 (Palmeiras 6x2 Coritiba), estava pronto no início da Copa. Recebeu seis partidas do Mundial de 50


Independência - Belo Horizonte-MG - Inaugurado em 25 junho de 1950, abrigou três confrontos da Copa do Mundo, entre eles uma das maiores zebras da história dos Mundiais: Estados Unidos 1 x 0 Inglaterra


Ilha do Retiro - Recife-PE - Inaugurado em 4 de julho de 1937, recebeu apenas uma partida do Mundial de 1950 (Chile 5x2 Estados Unidos, último confronto do Grupo 2)


Vila Capanema - Curitiba-PR - Inaugurado em 23 de janeiro de 1947 (Ferroviário 1x5 Fluminense), recebeu duas partidas da Copa (Espanha 2x0 Chile e Suécia 2x2 Paraguai)


Estádio dos Eucaliptos - Porto Alegre-RS - Inaugurado em 15 de março de 1931 (Internacional 3 x 0 Grêmio), recebeu dois confrontos da Copa de 50 (México 1x4 Iugoslávia e México 1x2 Suíça)
COM A PALAVRA - ROBERTO ASSAF (Colunista do LANCE!Net)
"1949/50: COPA E GETÚLIO VARGAS 
Dois assuntos predominavam prioritariamente no Brasil da virada de 1949 para 1950: as eleições para a presidência da República, disputada por Getúlio Vargas, Eduardo Gomes e Cristiano Machado, prevista para outubro, e a Copa do Mundo, a quarta da história, que caiu no colo do país por duas razões básicas. Uma como consequência da Europa ainda arrasada pela Segunda Guerra Mundial. E a outra por conta de um trabalho de bastidores realizado junto à Fifa, principalmente com o seu presidente Jules Rimet.
Na realidade, num plano geral, a Argentina dava de 10 a 0 na gente. Pelo menos cinco estádios modernos para a época, futebol de alto nível, povo alfabetizado e educado, uma rede de hotéis de excelente qualidade, uma Buenos Aires que brilhava de dia e à noite, enfim...
O Brasil da época, presidido pelo general Eurico Gaspar Dutra - eleito pelo povo em 1946 - era essencialmente atrasado, repleto de analfabetos, sem indústrias de base, notadamente explorado por estrangeiros, com a riqueza concentrada nas mãos de uma minoria da população de cerca de 70 milhões de habitantes. Tanto que o primeiro plano governamental, chamado de Salte, atendendo às metas prioritárias de saúde, alimentação, transporte e energia só foi criado em maio de 1950.
Mas Rimet, na prática, já vinha sendo cortejado pelos brasileiros desde 1939, quando visitou o país pela primeira vez. Assim, acabou se encantando pelos trópicos, tendo influência direta sobre os delegados da Fifa, que escolheram o Brasil como sede no Congresso realizado em Londres, em julho de 1948. O Rio, Capital Federal, a "Cidade Maravilhosa", funcionou como a principal peça de propaganda junto à entidade. Vale ressaltar que a CBD ofereceu como garantias a organização exemplar do Campeonato Sul-Americano de 1949, no Rio e em São Paulo, e a construção do gigante Maracanã, promessas enfim cumpridas.
Uma pesquisa promovida pelo "Jornal dos Sports" mostrou que para 30% dos entrevistados o cinema era a principal diversão do carioca. O futebol, porém, ficou com 29,2%, um empate técnico. Logo, a proximidade da Copa gerou uma expectativa formidável, pela chance de acompanhar ao vivo os melhores jogadores do mundo, de ver a nossa Seleção, campeã continental, e por sua excelência, ganhar o torneio, e ainda de poder mostrar ao planeta a nossa capacidade para receber gente de todo o planeta.
Surgiram críticas isoladas à realização, sem muita repercussão. O vereador Carlos Lacerda, da UDN, trabalhou contra o Maracanã, ou na pior das hipóteses, que fosse construído em Jacarepaguá, um bairro distante de quase tudo. Mas o prefeito carioca, Ângelo Mendes de Morais, assumiu a causa para torná-la realidade. É evidente que as exigências da Fifa eram infinitamente menores. E os problemas que pudessem preocupar os gringos, em especial a violência urbana, estavam igualmente a muitas léguas da realidade de hoje.
No fim, a Copa, para os padrões da época, foi um sucesso. Em tempo: Getúlio foi eleito dois meses depois com 49% dos votos. E nós perdemos a Jules Rimet para o Uruguai. Mas essa já é outra história.
COMUNICAÇÃO NA ÉPOCA DA COPA

Há um abismo gigantesco entre a cobertura da Copa de 1950 e a próxima. Há 63 anos, existiam o impresso e o rádio. A TV chegou ao Brasil dois meses após o torneio, em setembro, mas ainda quase inacessível, pois os aparelhos, importados é claro, custavam uma fortuna, e logo, restritos a uma minoria privilegiada. Como se não bastasse, não possuía os muitos recursos de hoje, sequer o vídeo-teipe.

Seria desnecessário, mas não custa lembrar que a informática era uma miragem no calor do deserto. A única opção para o registro de imagens em movimento era o cinema, que exigia equipamento pesado, ou seja, dificultava sobremodo o deslocamento de repórteres e cinegrafistas.

Vale lembrar que se a Copa, principalmente na América do Sul, ainda não possuía o status de evento efetivamente global, o número de jornalistas trabalhando na sua cobertura era infinitamente menor. E logo, óbvio, a possibilidade de divulgar informações também, não só por isso, mas pela ausência das ricas possibilidades eletrônicas de agora. Havia o telex. Mas o Brasil ainda estava longe de oferecer DDD e DDI, que só surgiram no fim da década de 1960. Uma ligação, acreditem, do Rio para São Paulo, realizada apenas com o auxílio de uma telefonista, podia demorar quatro horas.

E a única emissora de rádio que podia alcançar boa parte do imenso território do país era a Nacional, criada em 1936, e encampada pela ditadura Vargas, em 1940, para divulgar as suas realizações. Os principais diários eram os cariocas "Correio da Manhã" e "O Globo" e os paulistas "Estado" e "Folha". A Copa de 1950, no entanto, e pela sua grandeza, ajudou a tornar o jornalismo esportivo mais importante e profissional."


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